Ao celebrarmos o décimo aniversário da primeira carteira de hardware, é impressionante observar o progresso significativo na segurança do Bitcoin.

Desde os tempos iniciais de autocustódia com métodos pouco confiáveis até a introdução revolucionária do Trezor Model One, essa transformação alterou profundamente a forma como protegemos nossos ativos digitais. Com dez anos de experiência acumulada, é oportuno revisitar os desafios enfrentados na autocustódia do Bitcoin, o impacto da primeira carteira de hardware, a importância da autocustódia no cenário atual e os avanços inovadores que continuam a definir o futuro da segurança em criptomoedas.

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A História da Origem

A jornada começou em 2011, quando Marek “Slush” Palatinus percebeu que 3.000 BTC haviam desaparecido de seu pool de mineração. Este incidente destacou um problema crítico: mesmo os usuários mais experientes poderiam ser alvos de ataques virtuais. Naquele período, a proteção e o gerenciamento de Bitcoins eram complicados, pois as chaves privadas eram armazenadas em computadores, vulneráveis a diversas ameaças. O roubo que afetou Palatinus serviu como um alerta sobre essas fragilidades iniciais.

Consciente da necessidade urgente de um dispositivo seguro e fácil de usar, Slush, junto a Pavol “Stick” Rusnák, iniciou o desenvolvimento da primeira carteira de hardware do mundo. O objetivo era criar um dispositivo offline específico para armazenar Bitcoin, acessível mesmo a quem não possui conhecimentos técnicos. A ideia era simples, mas inovadora: um pequeno dispositivo projetado para manter as chaves privadas em um ambiente seguro, longe de ameaças online.

Antes das Carteiras de Hardware

Antes da popularização das carteiras de hardware, os usuários dependiam de carteiras de software em computadores ou smartphones, expondo-se a vários riscos de segurança. Infecções por malware eram comuns e as carteiras de papel, embora consideradas mais seguras, ainda precisavam de um computador para sua criação. Métodos de armazenamento a frio, como o uso de computadores isolados, exigiam conhecimentos técnicos avançados e mesmo assim não eram ideais para grandes quantidades de Bitcoin.

As primeiras carteiras de Bitcoin também apresentavam problemas de usabilidade, com interfaces complicadas e processos de backup que dificultavam o correto armazenamento dos ativos. Muitos usuários não realizavam backups adequadamente, resultando em perdas permanentes de fundos. A introdução das Carteiras Hierárquicas Determinísticas (HD) em 2012 melhorou o processo de backup, mas a falta de soluções intuitivas ainda era um obstáculo para iniciantes. Assim, a era pré-carteira de hardware foi marcada por grandes desafios de segurança e usabilidade, tornando a autocustódia uma tarefa complexa e arriscada.

A Primeira Carteira de Hardware

Nos anos anteriores a 2014, diversas tentativas foram feitas para criar dispositivos simples para armazenamento de criptomoedas, mas muitas falharam em atender a padrões de segurança adequados. Após dois anos de monitoramento do cenário, Slush e Stick decidiram desenvolver sua própria carteira de hardware.

Em 2014, eles lançaram o Trezor Model One, a primeira carteira de hardware do mundo. Este dispositivo trouxe um design amigável, geração de chaves privadas verdadeiramente aleatórias e a capacidade de assinar transações offline. Além disso, implementou o padrão BIP39, que facilitava o backup das carteiras por meio de uma lista de 24 palavras representando as chaves privadas, um conceito que se tornou comum entre os usuários de autocustódia.

Ao conectar o dispositivo pela primeira vez, o usuário é guiado pelo processo de configuração para criar uma nova carteira, gerando uma semente de recuperação que permite restaurar a carteira se necessário. O usuário deve anotar essa lista de palavras em um local seguro, garantindo que suas chaves privadas permaneçam offline.

Esse processo de integração assegura que os usuários façam backup de suas carteiras e as mantenham seguras. O design intuitivo, aliado à segurança avançada, torna as carteiras de hardware acessíveis a todos, desde iniciantes até usuários experientes.

A Vantagem do Código Aberto

Um princípio fundamental do Bitcoin é seu compromisso com a transparência e o código aberto, e os fundadores da Trezor seguiram essa filosofia ao desenvolver o Trezor Model One. Essa abordagem é adotada por muitos fabricantes do setor, permitindo que a comunidade audite o software, identifique vulnerabilidades e faça melhorias. A primeira carteira de hardware foi de código aberto, refletindo o ethos do Bitcoin: “Não confie; verifique”.

A Importância da Autocustódia

Ao longo da trajetória do Bitcoin, muitos exchanges e custodiante sofreram colapsos ou ataques, ressaltando a importância de manter o controle sobre suas chaves privadas. O princípio “não suas chaves, não suas moedas” enfatiza que confiar em terceiros pode levar a grandes problemas, como evidenciado por incidentes como o colapso da Mt. Gox em 2014, onde 850.000 Bitcoins foram perdidos devido a hackeamentos e má gestão. Outros casos notáveis incluem o hack da Bitfinex em 2016 e o colapso da FTX em 2022, que reforçaram os riscos de confiar ativos a entidades centralizadas.

Ao optar por carteiras de hardware, os usuários podem alcançar verdadeira independência financeira, protegendo seus ativos digitais das vulnerabilidades associadas a custodiante.

A Evolução do Cenário das Carteiras de Hardware

Na última década, o mercado de carteiras de hardware cresceu significativamente, com diversas empresas oferecendo produtos e funcionalidades variados. As interfaces agora vão de botões simples a telas sensíveis ao toque e teclados completos, com muitos dispositivos suportando várias criptomoedas.

Uma das inovações mais importantes foi a introdução de elementos seguros — chips projetados para proteger os dispositivos contra ataques físicos. Embora a maioria desses elementos seja de código fechado, levantando preocupações sobre transparência, iniciativas como a da Tropic Square visam desenvolver elementos seguros de código aberto.

Além disso, técnicas como Shamir’s Secret Sharing e carteiras multisignature estão sendo implementadas para aumentar a segurança dos backups, removendo pontos únicos de falha e dificultando o acesso de ladrões às carteiras.

Olhando para o Futuro

À medida que celebramos o décimo aniversário da primeira carteira de hardware, é evidente que essa inovação revolucionou a segurança das criptomoedas. O Trezor, que começou como um projeto de hobby, tornou-se um nome respeitado na indústria, capacitando inúmeras pessoas a controlarem seu futuro financeiro. A evolução dos primeiros protótipos até os dispositivos sofisticados de hoje demonstra a visão e a dedicação da equipe da Trezor.

Com a continuidade de melhorias em funcionalidade, segurança e transparência, o futuro da indústria parece promissor. À medida que olhamos para a próxima década, a comunidade permanece comprometida em proteger e inovar, tornando a autocustódia cada vez mais acessível e segura para todos.

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