A principal criptomoeda do mercado sofreu uma quebra significativa de suporte de preço nesta semana. Desde o pico histórico próximo a US$ 74 mil em meados de março, o Bitcoin (BTC) recuou mais de 20%.
No entanto, especialistas apontam que a queda pode não ter chegado ao fim. Embora haja otimismo para os próximos anos, análises do cenário macroeconômico e do gráfico de preços sugerem mais declínios a curto prazo.
A seguir, destacam-se quatro fatores que influenciam as expectativas em torno do preço do Bitcoin nas próximas semanas – e um fator a considerar para projeções de longo prazo.
Curto prazo
1. Indicadores técnicos ruins
Geoffrey Kendrick, chefe de criptomoedas do Standard Chartered Bank, comentou que o recente rompimento do BTC abaixo de US$ 60 mil nesta semana abre uma possível trajetória em direção à faixa de US$ 50-52 mil. Na manhã desta quinta-feira (2), o BTC estava sendo negociado a US$ 58.484, de acordo com dados do agregador CoinGecko.
Na terça-feira (30), o analista Fernando Pereira, da corretora de criptoativos Bitget, já havia indicado que o gráfico de preços da criptomoeda estava apontando para quedas acentuadas. Ele observou que quando o long short ratio mostra que 75% do mercado possui contratos futuros de compra abertos, isso sugere fortemente que esses contratos serão liquidados para permitir que o preço quebre o suporte e busque níveis mais baixos, como US$ 54.800 inicialmente e US$ 52.000 posteriormente.
2. Resgates recordes em ETFs
Os analistas destacam que um dos principais elementos que estão impactando o preço da criptomoeda a curto prazo é o fluxo de saídas dos ETFs (Exchange-Traded Funds) de Bitcoin nos Estados Unidos.
No dia 1º de quarta-feira, os investidores retiraram US$ 564 milhões de 11 veículos financeiros do país, registrando o maior volume desde o lançamento desses ETFs na segunda semana de janeiro. A entrada líquida total acumulada nesses ETFs atingiu US$ 11,2 bilhões.
“Kendrick, do Standard Chartered Bank, observa que mais da metade das posições à vista dos ETFs estão em situação desfavorável (valem menos do que seu valor nominal), o que aumenta o risco de liquidação para algumas delas.
Robert Mitchnick, chefe de ativos digitais da BlackRock, destaca que as retiradas recordes indicam uma mudança no público do mercado de ETFs à vista de Bitcoin nos EUA. Ele sugere que instituições financeiras como fundos patrimoniais, soberanos e de pensão estão se preparando para entrar no mercado desses produtos. “Muitas dessas empresas interessadas estão conduzindo diligências contínuas e realizando discussões focadas em pesquisa, enquanto nós desempenhamos um papel educacional”, explicou.
3. Incerteza sobre juros
A criptomoeda também enfrenta desafios no curto prazo devido à política monetária restritiva dos Estados Unidos. Nesta semana, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), anunciou a intenção de manter as taxas de juros inalteradas pelo tempo necessário. Segundo a ferramenta CME FedWatch, metade do mercado espera que o banco central dos EUA comece a reduzir as taxas somente em setembro deste ano.
As avaliações sobre o desempenho do setor cripto diminuíram “à medida que as perspectivas macroeconômicas se tornaram menos favoráveis. Em particular, o crescimento robusto e a alta inflação nos Estados Unidos diminuíram a probabilidade de cortes nas taxas do Fed neste ano”, afirmou a gestora Grayscale em um relatório.
4. Falta de catalisadores
O JPMorgan alertou os investidores nesta quinta-feira sobre a necessidade de cautela no mercado de criptomoedas, após o lançamento dos ETFs de Bitcoin americanos e o halving. Segundo a instituição, há uma falta de catalisadores positivos no curto prazo e uma diminuição no interesse dos investidores de varejo.
“Permanecemos cautelosos em relação aos mercados de criptomoedas no curto prazo”, afirmaram os analistas do JPMorgan em uma nota, mencionando as vendas e os lucros realizados “significativos” no mercado de criptomoedas, especialmente nos ETFs.
Longo prazo
Apesar das condições negativas atuais, as perspectivas de longo prazo para o Bitcoin permanecem otimistas. O Standard Chartered Bank mantém sua previsão de que o Bitcoin pode atingir US$ 150 mil até o final deste ano e US$ 250 mil até 2025.
Por outro lado, a Grayscale observa que, embora o atual cenário de taxas de juros nos EUA esteja afetando o setor, a economia do país está se encaminhando para um “pouso suave” e cortes de juros são prováveis em algum momento. Isso poderia impulsionar novamente o preço do Bitcoin e a capitalização total do mercado de criptomoedas ao longo do ano.