Com do halving neste fim de semana (19), as análises delineiam possíveis direções para o Bitcoin.

Bitcoin

Taiamã Demaman, líder de pesquisa da Coinext, elaborou uma análise abrangente do mercado de criptomoedas, abordando desde o panorama pré-halving até os ETFs de Bitcoin, visando auxiliar os investidores a compreender o atual cenário.

O embate entre Irã e Israel teve um impacto substancial no mercado cripto, resultando em uma queda de 11%. O preço do Bitcoin mergulhou abaixo de US$ 60 mil nos contratos futuros, oscilando entre os US$ 67 mil antes de estabilizar em cerca de US$ 63 mil.

Concomitantemente à queda, observou-se um aumento na busca por ativos mais estáveis pelos investidores, o que resultou na quebra da faixa de 50-54% na dominância do Bitcoin (BTC.D no TradingView) após 161 dias de estagnação.

Demaman destaca que ao atingir a marca de 57% de resistência, a dominância alcançou níveis máximos em 3 anos, sinalizando o possível fim dessa fase de consolidação que já dura sete semanas. Contudo, é imperativo manter-se acima dos 54,45% para validar essa perspectiva.

Do ponto de vista gráfico, o Bitcoin apresenta indícios de uma continuação da queda, com suportes diários em US$ 60 mil, US$ 55.4 mil e US$ 48.300. Enquanto isso, os principais níveis de suporte em termos de volume estão em torno de US$ 52.770 e US$ 46.200 mil.

Demaman ressalta que, embora a tendência no gráfico diário seja menos significativa que as observadas nos gráficos semanais e em períodos mais longos, que ainda indicam uma tendência de alta, já está ocorrendo uma correção no gráfico diário e possivelmente no semanal, com confirmação prevista para o próximo domingo às 21h. No gráfico mensal, só é possível fazer suposições caso o fechamento ocorra abaixo de US$ 54 mil dólares em maio.

Indicador de medo e ganância

O analista observa que o Indicador de Medo e Ganância continua indicando uma mentalidade gananciosa, embora tenha registrado uma redução na euforia. Segundo ele, um cenário ideal de consolidação seria caracterizado por oscilações entre 40 e 55 pontos nesse indicador.

“Os indicadores on-chain ainda oferecem suporte, mas também mostram sinais de desaceleração. Além disso, notamos que o indicador que representa a proporção do mercado em lucro (em verde) caiu abaixo da marca de 95%, um padrão comum durante períodos de consolidação em um mercado em alta”, ressalta.

Ele observa que no mercado de futuros, as recentes liquidações sugerem um cenário propício para uma potencial alta de curto prazo, podendo impulsionar o preço para cerca de US$ 67 mil.

Quanto aos ETFs, registram um desfecho negativo, influenciado pelos contínuos fluxos de venda da Grayscale, resultando em uma perda de participação de mercado. Enquanto isso, os investidores da Blackrock reduzem suas compras, porém ainda mantêm um desempenho positivo.

“O mercado de criptomoedas está atualmente em um período de consolidação, com possíveis quedas nas próximas semanas devido às vendas dos mineradores. Em momentos de halving, os mineradores tendem a liquidar seus Bitcoin para investir em novos equipamentos de mineração. Além disso, o pessimismo no mercado tradicional, influenciado pela manutenção das taxas de juros, possivelmente devido ao fluxo imigratório, tem limitado os cortes esperados nas taxas de juros”, afirmou.

Analista da S&P Global

Andrew O’Neill, Diretor Administrativo e Co-presidente do Laboratório de Pesquisa de Ativos Digitais da S&P Global, adverte que o preço não é o único fator crucial que será afetado pelo halving. Ele destaca que algumas operações de mineração de Bitcoin podem se tornar não lucrativas e até mesmo fechar, especialmente aquelas com custos de energia mais elevados.

Olhando para o futuro, O’Neill prevê que os desafios de lucratividade podem continuar impulsionando a consolidação na indústria de mineração de Bitcoin. Ele sugere que, à medida que a redução dos custos de energia se torna mais premente, os mineradores continuarão buscando parcerias para equilibrar a carga nas redes de energia, o que pode melhorar a economia dos projetos de energia renovável.

Além disso, o especialista ressalta que a crescente adoção da blockchain do Bitcoin será fundamental para impulsionar a receita com taxas de transação e manter a viabilidade econômica da mineração. Ele observa que, historicamente, as taxas de transação aumentaram principalmente durante períodos de frenesi especulativo de negociação. No entanto, com o advento dos ordinais e tokens BRC-20 em 2023, ele sugere que isso pode mudar, proporcionando um suporte mais robusto para as taxas de transação.

Comprar ou vender Bitcoin

Ryan Grace, chefe da tastecrypto, observou que o halving não funciona como um impulsionador direto de preços e é provável que seja mais um evento de ‘venda de notícias’. A maioria dos traders que planejavam comprar antes do halving já adquiriu BTC. No entanto, ele acredita que as correções resultantes terão uma duração limitada. Ele usa as recentes aprovações de ETFs como um ponto de referência, apontando que o BTC sofreu uma correção de -20% após essas notícias.

“Não há uma tendência clara nos ciclos anteriores de halving. Após o halving de 2016, o BTC caiu -10% um mês depois, enquanto subiu +8% um mês após o halving de 2020. Em ambos os períodos, o preço do BTC permaneceu dentro de uma faixa de 20% ao longo do mês seguinte ao halving. Se este ciclo seguir os padrões dos últimos halvings de 4 anos, poderíamos ver o preço do BTC superando US$ 150.000 em seu pico. Mais importante ainda, a existência de ETFs e o aumento da liquidez global tenderão a impulsionar os preços após o halving, e não o próprio halving”, afirmou.

Por outro lado, Fábio Plein, diretor regional da Coinbase para as Américas, destaca que, olhando para o futuro, vários fatores macro além do halving provavelmente terão um impacto significativo nos preços do bitcoin, como a política monetária do Federal Reserve dos EUA, por exemplo.

Ele também observa que, com apenas três halvings registrados na história do Bitcoin, as evidências atuais sobre como os mercados reagiram a esses eventos ainda são limitadas. Grande parte do forte desempenho do Bitcoin após o último halving em maio de 2020 ocorreu em um ambiente com uma política monetária extremamente flexível e um estímulo fiscal historicamente robusto em resposta à pandemia de Covid-19.

“Além do impacto no preço, o halving também estimula a inovação na mineração, pois incentiva os mineradores a otimizar o consumo de energia e aumentar o poder de hash. Além disso, aumenta o envolvimento da comunidade em discussões construtivas sobre o ecossistema cripto e incentiva a adoção por novos investidores interessados em aprender mais sobre criptomoedas e iniciar sua jornada com elas”, acrescentou.

Comprar ou vender com o halving

Guilherme Sacamone, Diretor Geral da OKX Brasil, expressou entusiasmo pelos desdobramentos pós-halving, ressaltando que este ciclo se distingue dos anteriores devido ao alcance do preço máximo histórico do Bitcoin em dólares antes do halving.

“Com a redução do valor recebido pelos mineradores e uma demanda de compra que provavelmente não será afetada no curto prazo, especialmente com os ETFs e a probabilidade de uma política de juros mais estável na economia dos EUA, é provável que apenas o lado da oferta sofra redução. Isso nos coloca em um dos momentos mais interessantes da história do Bitcoin e do mercado cripto”, afirmou.

Por sua vez, Eric Anziani, Presidente e COO da Crypto.com, mencionou que, apesar de algumas vendas recentes, isso se assemelha muito à fase de consolidação observada em ciclos de halving anteriores. No geral, ele acredita que este evento terá um impacto positivo no mercado.

“O Bitcoin continua sendo um investimento resiliente e altamente atrativo para investidores institucionais e de varejo. Como empresa, vemos o Bitcoin como um ativo que ganha mais valor ao longo dos anos e não apenas em semanas ou meses”, destacou.

Monica Long, Presidente da Ripple, ressaltou a singularidade deste próximo halving do Bitcoin devido a dinâmicas de mercado adicionais, incluindo o recente recorde de preço do BTC e a aprovação dos primeiros ETFs de Bitcoin Spot dos EUA no início de 2024. Ela também destacou a adoção contínua da tecnologia por grandes instituições financeiras.

“A Ripple também observa isso diretamente através da demanda de nossos clientes, como o HSBC, que buscam soluções de custódia de cripto para tokenizar ativos do mundo real, além de desenvolvedores criando novos projetos no XRPL”, afirmou.

Luiz Haddad, Consultor de Web3 da Sherlock Communications, analisou que nos últimos 4 anos, comparando o Bitcoin com outras moedas, como Dólar Americano – USD (inflação de 18%), Euro (inflação de 19.44%) ou Real (inflação de 24,99%), o Bitcoin valorizou 677%, saindo de US$ 9 mil para US$ 60 mil. Ele também observou uma desvalorização média de 20% nas moedas mencionadas.

“Com os crescentes conflitos no Oriente Médio, envolvendo Israel, Palestina e Irã, houve uma queda nos preços de ativos de risco, e com o Bitcoin não foi diferente. Além da tradicional correção pré-halving, os conflitos militares também afetaram os humores do mercado, derrubando o preço do Bitcoin”, afirmou.

Rodrigo Batista, CEO da Digitra.com, apontou que tecnicamente, se a principal criptomoeda fracassar novamente em romper o patamar de US$ 72 mil, o preço poderia cair abaixo dos US$ 60 mil novamente.

“Historicamente, altas expressivas aconteceram algum tempo depois do halving, sendo que em alguns casos, o BTC chegou a cair logo após o evento. Por outro lado, a recente queda pode ter antecipado parte desse movimento, deixando espaço para novas altas”, comentou.

Fonte: cointelegraph

Veja também: Halving do Bitcoin aconteceu: Veja a reação da criptomoeda

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