Se nos três últimos eventos de halving do Bitcoin, a criptomoeda alcançou seu preço máximo meses após o evento, desta vez, ela quebrou seu recorde antes do halving.
Isso levanta a questão: será que o próximo halving em abril será diferente?
O Bitcoin possui um mecanismo de halving, onde a cada 210 mil blocos (cerca de quatro anos), as recompensas dos mineradores são reduzidas pela metade, diminuindo a oferta de novas moedas no mercado. Previsto para abril de 2024, o próximo halving reduzirá a recompensa de 6,25 BTC por bloco para 3,125 BTC.
Com a redução na oferta de novos bitcoins, a criptomoeda se torna mais escassa, o que geralmente resulta em aumento de preço devido ao aumento da demanda ao longo do tempo.
Historicamente, após um halving, o Bitcoin atinge um preço máximo, seguido por uma correção e, posteriormente, por uma nova alta após o próximo halving. No entanto, desta vez, o Bitcoin quebrou seu recorde de preço antes do halving, atingindo mais de US$ 73 mil, o que cria um novo cenário para o mercado.
Antes de fazer previsões sobre os possíveis preços do Bitcoin após o halving deste ano, é importante analisar como o preço do ativo se comportou em eventos anteriores.
1º halving: 28 de novembro de 2012
Durante o primeiro halving do Bitcoin, quando a recompensa caiu de 50 BTC para 25 BTC, os investidores ainda estavam incertos sobre o impacto que o evento teria no preço da criptomoeda. Embora a teoria de oferta e demanda sugerisse um aumento no preço, havia dúvidas significativas sobre se o efeito já estava refletido no valor do Bitcoin, o que poderia limitar seu aumento.
Pouco antes do halving, o Bitcoin estava sendo negociado em torno de US$ 12, e seis meses após o evento, subiu para cerca de US$ 229. Um ano depois, atingiu cerca de US$ 1.132, conforme dados do TradingView.
No entanto, nos meses seguintes, o preço da criptomoeda despencou devido ao colapso da exchange japonesa Mt. Gox.
2º halving: 9 de julho de 2016
Quando a recompensa do Bitcoin foi reduzida para 12,5 BTC, o cenário do mercado já era consideravelmente diferente, com o surgimento de várias outras criptomoedas, conhecidas como altcoins, sendo o Ethereum (ETH) a mais proeminente entre elas.
Apesar disso, havia ainda incertezas em torno do evento e muitos investidores não ficaram otimistas quando o preço não subiu imediatamente após o halving.
Entretanto, o preço do Bitcoin começou a ganhar impulso alguns meses depois e só em dezembro de 2017 alcançou sua máxima histórica, ultrapassando os US$ 19 mil, embora tenha posteriormente sofrido uma queda.
3º halving: 11 de maio de 2020
Com mais de uma década de existência e já estabelecido como um ativo reconhecido e amplamente discutido globalmente, os investidores mais uma vez enfrentaram incertezas quanto ao impacto do halving no preço do Bitcoin.
Durante esse período, a recompensa dos mineradores foi reduzida para 6,25 BTC e, imediatamente após o evento, o preço não teve um aumento explosivo como alguns previam, permanecendo relativamente estável por um período considerável. Isso levantou questionamentos sobre se o efeito do halving já estava refletido no valor do mercado.
No entanto, cerca de sete meses depois, o Bitcoin passou de aproximadamente US$ 8.500, que era o preço na época do halving, para mais de US$ 40 mil em janeiro de 2021. A tendência de alta continuou, e a criptomoeda quebrou novos recordes de preço em abril do mesmo ano (US$ 63 mil) e novamente em novembro (US$ 67 mil). Posteriormente, o preço do BTC caiu para menos de US$ 40 mil.
4º halving: Abril de 2024
Ao contrário das ocasiões anteriores, a discussão atual no mercado não se centra em se o halving está ou não refletido no preço, mas sim sobre qual será o impacto desse evento em uma criptomoeda que, pela primeira vez na história, superou seu recorde de preço do ciclo anterior (US$ 69 mil) antes do próximo halving.
Após anos de luta, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) finalmente aprovou a criação de ETFs de Bitcoin à vista, desencadeando uma onda de compras por grandes gestoras, o que impulsionou fortemente o preço da criptomoeda.
Consequentemente, em março, o Bitcoin atingiu um novo recorde de US$ 73 mil, antes de retrair para cerca de US$ 67 mil. Este cenário inédito cria uma nova dinâmica para o halving, já que será a primeira vez que o evento ocorrerá com o Bitcoin próximo ou até mesmo além de sua máxima histórica.
Alguns especulam que, com a introdução dos ETFs, o halving poderá ter um impacto ainda mais significativo no preço. Contudo, é impossível prever com certeza a direção que o Bitcoin tomará. Os investidores precisarão exercitar a paciência, pois o verdadeiro impacto do halving só se manifestará nos meses subsequentes ao evento.